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ARTISTAS

Cazuza

DA REDAÇÃO • 11/10/2023 às 8:36


		Cazuza
Foto/Reprodução

Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido como Cazuza, nasceu em 4 de abril de 1958, no Rio de Janeiro, criado em Ipanema, filho de João Araújo Neto, que era um divulgador da Gravadora Odeon e de Lucia, costureira. Não eram ricos , mas matricularam Cazuza em uma escola cara, o Colégio Santo Inácio, dos padres Jesuítas, na infância foi um menino comportado, mas na adolescência rebelde, o pai teve que livra-lo de prisões e fichas criminais por porte e uso de drogas.

Em 1976, o pai João Araújo arrumou um emprego para Cazuza na gravadora Som livre. Cazuza trabalhou no departamento artístico fazendo a primeira triagem de fitas de cantores novos e na assessoria de imprensa, depois divulgador de artistas na gravadora RGE, e após 7 meses de um curso de fotografia na Universidade de Berkeley, deu alguns passos como fotógrafo, fez também um curso de teatro com o ator Perfeito Fortuna, e achou seu papel que não seria representar e sim cantar.

Em 1981, Roberto Frejat (guitarrista); Dé (baixista); Maurício Barros (teclados); Guto Goffi (baterista), estavam precisando de um vocalista para a banda, foi quando apareceu Cazuza, indicado por Léo Jaime e agradou a todos, mostrou ainda as letras que vinha fazendo, e o grupo que só fazia covers e se chamava Barão Vermelho, começou a compor e ter seu próprio repertório.

Em 1982 uma fita demo chegou aos ouvidos do produtor Ezequiel Neves, que, entusiasmado, a mostrou a Guto Graça Mello, diretor artístico da Som Livre, eles convenceram João Araújo - de início, relutante, na condição de pai do cantor - a lançar a banda. Com uma produção baratíssima, "Barão Vermelho", gravado em dois dias, obteve boa recepção da parte de artistas.

Um dos maiores ídolos de Cazuza, Caetano Veloso, incluiu "Todo amor que houver nessa vida" no repertório de seu show e criticou as rádios por não tocarem as músicas do grupo.

"Todo amor que houver nessa vida" (registrada também, mais tarde, por Gal Costa, Caetano Veloso e outros intérpretes) foi um dos destaques de um disco que revelou ainda "Down em mim", "Billy Negão" e "Bilhetinho azul".

"Barão Vermelho 2" foi lançado em julho de 1983. O álbum ainda não seria um sucesso comercial (vendeu cerca de 15 mil cópias, quase o dobro do primeiro), mas manteve o alto nível do repertório anterior, "Pro dia nascer feliz" consolidaria a dupla Frejat-Cazuza, tornando-se um grande sucesso no registro feito por Ney Matogrosso, a primeira estrela da MPB a gravá-los.

Em 1984, "Bete Balanço", filme de Lael Rodrigues, o rock brasileiro dos anos 80 chegou às telas de cinema, com a música-título, feita de encomenda para a trilha, a canção estourou, virando um marco no trajeto da banda, que também contracenava no filme.

A música acabou incluída no terceiro LP, lançado em setembro daquele ano, para ajudar a sua comercialização mas talvez nem tivesse sido necessário, pois "Maior abandonado", atingiu em dois meses a marca das 60 mil cópias vendidas, e em seis, das 100 mil.

"Raspas e restos me interessam (...) Mentiras sinceras me interessam", em "Maior Abandonado"; "Você tem exatamente três mil horas/ Pra parar de me beijar (...) Você tem exatamente um segundo/ Pra aprender a me amar", em "Por que a gente é assim?"; "A fome está em toda parte/ Mas a gente come/ Levando a vida na arte", em "Milagres".

As diferenças se ressaltaram, o temperamento irriquieto de Cazuza pouco se adequava a uma agenda cada vez mais sobrecarregada de ensaios e entrevistas. Os desentendimentos foram crescendo. Em janeiro de 1985, o Barão fez uma bem-sucedida participação no festival Rock 'n Rio, abrindo shows para grandes atrações do rock internacional, em julho o grupo se separou e ele seguiu carreira solo.

Poucos dias depois, Cazuza voltava a ser notícia, tinha sido internado num hospital do Rio com 42 graus de febre. Diagnóstico: infecção bacteriana. O resultado do teste HIV, que ele exigiu fazer, dera negativo. Mas naquela época os exames ainda não eram muito precisos.

Em novembro de 1985, o disco inaugurou a fase individual do cantor e uma série de parcerias, entre os co-autores das músicas figuraram dois antigos colaboradores: Frejat, que continuou parceiro e amigo de Cazuza, e Ezequiel Neves, outro velho e grande amigo, co-produtor, desde os tempos do Barão, de todos os seus discos.

Só se for a dois" acrescentou novos sucessos à sua carreira, a começar pela canção-título, mas a música que estourou mesmo foi o pop-rock "O nosso amor a gente inventa (estória romântica)". Em seguida ao lançamento, uma turnê nacional mostrou um show mais elaborado que os anteriores, em termos de cenário e iluminação. Cazuza se aprimorava e decolava: seus espetáculos lotavam, suas músicas tocavam e a crítica elogiava seu trabalho.

A essa época, contudo, ele já sabia que estava com Aids. Antes de estrear o show "Só se for a dois", tinha adoecido e feito um novo exame. A confirmação da presença do vírus iria transformar sua vida e sua carreira.

Em outubro de 1987, após uma internação numa clínica do Rio, Cazuza foi levado pelos pais para Boston, nos Estados Unidos, passou quase dois meses críticos, submetendo-se a um tratamento com AZT. Ao voltar, gravou "Ideologia" no início de 1988, um ano marcado pela estabilização de seu estado de saúde e pela sua definitiva consagração artística. O disco vendeu meio milhão de cópias. Na contracapa, mostrou um Cazuza mais magro por causa da doença, com um lenço disfarçando a perda de cabelo em função dos remédios

Em 1988 Cazuza recebeu o Prêmio Sharp de Música como "melhor cantor pop-rock" e "melhor música pop-rock", com "Preciso dizer que te amo", composta com Dé e Bebel Gilberto, e lançada por Marina, apresentou no segundo semestre seu espetáculo mais profissional e bem-sucedido, "Ideologia". Dirigido por Ney Matogrosso.

Em 1989, "Cazuza ao vivo - o tempo não pára" chegou ao índice de 560 mil cópias vendidas. Reunindo os maiores sucessos do artista e duas músicas novas que estouraram: "Vida louca vida", de Lobão e Bernardo Vilhena, e "O tempo não pára", de Cazuza e Arnaldo Brandão. Esta - título do trabalho - condensou, numa das letras mais expressivas de Cazuza, a sua condição individual, de quem lutava para se manter vivo, com a do povo brasileiro.

Depois do lançamento do álbum ele reconheceu publicamente que estava com Aids, sendo a primeira personalidade brasileira a fazê-lo. Era notável a sua afirmação de vida, seu estado piorava, ao contrário de se deixar esmorecer, passou a trabalhar o mais que podia. Entrou num processo compulsivo de composição e gravou, de fevereiro a junho de 1989, numa cadeira de rodas, o álbum duplo "Burguesia", que seria seu derradeiro registro discográfico em vida.

Em outubro de 1989, depois de quatro meses seguindo um tratamento alternativo em São Paulo, Cazuza viajou novamente para Boston, onde ficou internado até março do ano seguinte. Seu estado já era muito delicado e, àquela altura, não havia muito mais o que fazer.

Faleceu em 7 de julho de 1990. O enterro aconteceu no cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Sua sepultura está localizada próxima às de astros da música brasileira como Carmen Miranda, Ary Barroso, Francisco Alves e Clara Nunes.

Fonte: Vagalume

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