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Fenômeno brasileiro

Por que Ney Matogrosso pintava o rosto com o Secos & Molhados

Ney cantava como poucos, com um timbre agudo ao extremo, raro de se encontrar, mas também com uma postura de palco avassaladora

DA REDAÇÃO • 24/07/2025 às 9:37

Por que Ney Matogrosso pintava o rosto com o Secos & Molhados
Segundo ele, a estratégia deu certo. Antônio Carlos Rodrigues

Tanto quanto a poesia contida nas letras do Secos & Molhados, a voz e a presença imponente de Ney Matogrosso fizeram a banda se tornar um dos maiores fenônemos da música brasileira na década de 1970.

Ney cantava como poucos, com um timbre agudo ao extremo, raro de se encontrar, mas também com uma postura de palco avassaladora. Incluía, ainda, uma maquiagem extravagante que ajudava a chamar a atenção e, ao mesmo tempo, preservar sua identidade.

Como surgiu a ideia de se pintar para os shows? Segundo o artista, a motivação foi justamente evitar que ele fosse reconhecido pelo público nas ruas — ao menos no início.

Em entrevista ao programa Conversa com Bial, da Rede Globo, transcrita pela Rolling Stone Brasil, Ney explicou:

"O pintado era para me poupar do desprazer de não poder andar na rua. Porque diziam que artista não andava na rua. Como é que eu ia perder o direito de andar na rua com 31 anos de idade?"

Segundo ele, a estratégia deu certo. No começo do Secos & Molhados, poucos o reconheciam — nem mesmo após a banda ter realizado um show apoteótico no Maracanãzinho, no Rio de Janeiro, em fevereiro de 1974.

"Enquanto eu mantive aquilo (pintura)... Depois do (show no) Maracanãzinho, no dia seguinte eu estava na praia, jogado, só ouvindo as pessoas falarem a meu respeito. Falavam loucuras, tá? Graças àquela máscara branca."

João Ricardo fala sobre pintura do Secos & Molhados

Outro integrante do Secos & Molhados, João Ricardo, também já ofereceu sua versão para o uso de maquiagem e roupas extravagantes por parte da banda.

Segundo ele, em declaração concedida à revista Brasileiros (via site Igor Miranda), em 2002, a origem foi o glam rock, movimento musical em alta no início da década de 1970 com bandas como T. Rex e artistas solo como David Bowie e Alice Cooper.

O compositor, responsável pela maioria das canções do Secos & Molhados, disse à época:

"A necessidade é a mãe da invenção e era a época das bandas progressivas, que tinham um aparato sonoro poderoso. Éramos o contrário disso: despojados musicalmente, mas tínhamos referências teatrais e começamos a inventar saídas para não perder terreno, como usar roupas extravagantes e maquiagem. Percebemos que quanto mais nos aventurávamos naquilo que era bizarro, mais as pessoas ficavam estupefatas e atraídas. Alice Cooper fazia sucesso, nos Estados Unidos, o David Bowie, na Inglaterra, e plasticamente levamos as ideias do glam e do glitter ao extremo. Tivemos a sorte de envolver em torno de nós milhões de pessoas de todas as camadas sociais, de todos os credos, cores e idades, algo que não aconteceu nem ao Bowie nem ao Alice Cooper."

Informações: Rolling Stone

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