
David Gilmour assumiu a hegemonia interna como principal compositor do Pink Floyd a partir da saída de Roger Waters, em 1985. Talvez fosse natural ele exaltar o material lançado pela banda desde então. Porém, não é o que acontece – pelo menos não como regra.
O guitarrista já se mostrou crítico, por exemplo, ao disco que marcou o início de sua dominância: A Momentary Lapse of Reason (1987). Foi o primeiro álbum do Pink Floyd em tal configuração, mas ele admite que nem tudo saiu a contento.
Em declaração de 2019 ao podcast The Lost Art of Conversation (via Far Out Magazine), Gilmour diz que sente até um certo arrependimento em relação ao disco. Ele acha que acabou abusando no uso de sintetizadores e outras tecnologias novas à época.
O guitarrista comenta:
“Nos anos 1980, havia uma massa de novas tecnologias – novos teclados, sintetizadores – e estávamos ansiosos para registrar essa época. Abraçamos essa tecnologia com enorme entusiasmo. Mas era uma moda e modas saem de moda.”
Segundo ele, A Momentary Lapse of Reason lhe passa uma sensação de “datado” e não se provou “atemporal” como outros clássicos do grupo britânico:
“Anos após o álbum (A Momentary Lapse of Reason), houve momentos em que pensei que não havíamos seguido o modelo atemporal que talvez devêssemos ter seguido.”
Nick Mason também não é grande fã de álbum do Pink Floyd
O baterista Nick Mason também já se manifestou a respeito de A Momentary Lapse of Reason e tende a concordar com Gilmour. No entanto, ele levanta outro ponto que considera prejudicial ao disco: a presença de muitos músicos convidados e alheios ao grupo.
Mason relembra que A Momentary Lapse of Reason se amparou em material que deveria ser lançado por Gilmour em sua carreira solo, mas acabou sendo aproveitado pelo Pink Floyd. Na esteira disso, também vieram músicos como o baterista Carmine Appice (Vanilla Fudge, Cactus, King Kobra), o baixista Tony Levin (King Crimson, Peter Gabriel), o saxofonista John Helliwell (Supertramp) e até o produtor Bob Ezrin.
Mason ponderou à revista alemã Galore (via site Igor Miranda):
“Em retrospecto, lamento bastante que tenha sido assim. Acontece que, em A Momentary Lapse of Reason, muitas coisas foram tocadas por outras pessoas. Isso foi um erro, mas na época, David Gilmour tinha muita coisa para fazer.”
Informações: Rolling Stone


