
Nesta quinta-feira (04), às 20h, acontece a abertura da exposição “A Mônada Zíngara”, da artista Laise Veiga, na Biblioteca Pública Municipal de Londrina (Avenida Rio de Janeiro, 413). As obras poderão ser visitadas até o dia 28 de setembro. O evento também marca a celebração do aniversário de 74 anos da instituição.
A mostra é a primeira da artista e reúne cerca de 30 bonecas e 30 pinturas, além de poemas e outras produções. O título faz referência ao conceito filosófico de “mônada”, de Leibniz, sobre a existência de múltiplos mundos, e ao termo “zíngara”, que em romani significa cigano. As obras mesclam misticismo cigano, cultura popular brasileira e memória ancestral.
Veiga explicou que a arte surgiu em sua vida como forma de enfrentar uma dor crônica causada por lesão medular. “Vivo à base de analgésicos, e a maneira que encontrei de lidar com isso foi através da arte e da espiritualidade”, contou. A primeira boneca, segundo ela, nasceu de forma intuitiva: “Nunca tinha costurado, mas senti que precisava criar. Quando terminei, pensei: ‘Fui eu mesma que fiz isso?’”, relembrou.
Após dez anos sem pintar, ela voltou às telas no mesmo período em que começou a confeccionar bonecas, há cerca de seis meses. “Senti a necessidade de me expressar com as cores e percebi que as pinturas complementavam as histórias das bonecas. Elas não têm semblantes, o que nos faz questionar quem seria aquela personagem, e também nos reconhecer nelas. Busco representar todas as mulheres e tradições espirituais em todas as minhas obras”, disse.
Segundo a artista, cada obra nasce de maneira intuitiva e espiritual. “Procuro não ter muitas referências, porque minha intenção não é ser literal, mas transmitir energia e sensação. Criei uma arte mais tátil e texturizada, para que se perceba o tempo dedicado nos detalhes e camadas. A maioria das peças não é pré-planejada: vai surgindo com o movimento das pinceladas”, afirmou.
Além da exposição, a noite de abertura contará com coquetel e música ao vivo com o cantor e professor Paulo Turazzi, que atua na cena independente de Londrina desde 2017. Inspirado por viagens pelo Brasil e outras vivências, o músico apresenta repertório autoral e interpretações de diferentes vertentes, em sintonia com a proposta artística de Laise Veiga.
“Minha linguagem é a espiritualidade, e como a Laise, acredito que as criações artísticas chegam até nós por outros planos de existência. Dessa maneira, meu trabalho dialoga muito bem com ‘A Mônada Zíngara’, proporcionando assim uma experiência sinestésica à exposição”, afirmou Turazzi.
Além da exposição, a programação contará com outras atividades em celebração ao aniversário da Biblioteca. Às 15h30, acontece a roda de conversa “Eu, corpo: construindo minha identidade”, com Rose Castanho, e a Oficina da Associação Brasileira de Professores de Literatura Portuguesa (Abraplip) para crianças, na Hemeroteca, ministrada pela psicóloga Marcella Andrade, com foco no autorretrato pictórico com desenho livre. Já às 19h30, será realizado o evento “Literatura Viva: lusofonias em debate”, com a participação de Frederico Fernandes, Lídia Jorge e Carlos Reis, que irão conversar sobre literatura em língua portuguesa.