
O espetáculo “O Baita” continua sua circulação pelas escolas e espaços culturais da cidade. A próxima sessão acontece nesta quinta-feira (11), às 20h, na Escola Municipal Francisco Pereira de Almeida Júnior (Rua Mario Sérgio Carmagnani, 145, Conjunto Ernani Moura Lima). A apresentação tem duração aproximada de uma hora e é aberta ao público. A entrada é gratuita.
Além da sessão desta quinta, o espetáculo também será encenado nos dias 13 e 14 de setembro, na Usina Cultural (Avenida Duque de Caxias, 4159), e no dia 15, na Escola Municipal Maria Carmelita Vilela Magalhães (Rua Maurício de Nassau, 329). Todas as sessões acontecem às 20h.
A história acompanha Baita, um jovem chamado de gigante por Mate, seu padrinho e a única pessoa que conheceu até então. Quando o velho desaparece, Baita se vê sozinho pela primeira vez e precisa aprender a caminhar com a companhia do Sol, da Lua e do Rio, forças maiores que ele, para seguir sua jornada e amadurecer.
O escritor, cenógrafo e sonoplasta da peça, Luan Valero, contou que a ideia para o texto do espetáculo surgiu há alguns anos e foi amadurecendo com o tempo, até ele entender que a peça falaria sobre a tomada de consciência de um ser considerado “grande demais” para seu ambiente.
O enredo provoca reflexões sobre limites simbólicos e psicológicos em uma noção de paternidade, abordando também perspectivas sociais marcadas pela discriminação. Maior que seu próprio tutor, Baita aprende desde cedo que seu tamanho é visto como um problema, uma ameaça a ser contida.
Adalberto Pereira, responsável pela direção da peça, contou que o processo de construção foi artesanal e coletivo. “O cenário, objetos, músicas, luz e corpo foram se somando à dramaturgia textual. Gosto de pensar que cada uma dessas camadas tem sua própria dramaturgia. No fim, chegamos a um espetáculo de cerca de uma hora, que acompanha sete dias da vida do Baita e sua trajetória de amadurecimento”, afirmou.
João Paulo Costa (Jotapê Paix), ator que dá vida a Baita, destacou que o preparo para o espetáculo foi um mergulho profundo na obra, com grupos de estudo, pesquisas e um trabalho corporal e vocal que iam ganhando vida a cada encontro. “Para mim, como ator, cada ensaio e cada leitura foram experiências significativas, em que fui acessando o universo do Baita pouco a pouco, até que teoria e prática se uniram e deram corpo a esse gigante”, complementou.
A peça estreou no dia 1º de setembro, na Escola Municipal Moacyr Teixeira, e também passou pela Escola Municipal Tereza Canhadas Bertan no dia 4, onde reuniu cerca de 50 pessoas. “Em parceria com a direção de cada escola, fazemos uma divulgação para a comunidade escolar e também para o entorno, para que todas as famílias possam assistir. A estreia foi muito bonita e na segunda apresentação tivemos uma adesão ainda maior da comunidade, com direito à presença de muitas crianças também”, relatou Valero.
O espetáculo também cumpre um papel de formação de público ao levar o teatro para escolas e comunidades. A proposta inclui apresentações em instituições que oferecem a Educação de Jovens e Adultos (EJA), alcançando pessoas em processo de alfabetização na vida adulta, muitas delas já idosas. “É fundamental que a democratização da arte caminhe junto com a descentralização. É muito simbólico conectar cultura e aprendizagem e perceber que nosso trabalho se tornou a porta de entrada para esse universo”, afirmou o diretor Adalberto Pereira.
“Temos percebido que a história e a reflexão que propomos para a peça está chegando ao público. Muitas pessoas nunca haviam assistido a uma peça antes, e isso reforça a importância de apresentar o teatro fora do centro da cidade. Adalberto e eu nos tornamos artistas profissionais graças a iniciativas descentralizadas que mudaram nossas perspectivas de mundo. Fazer esse encontro também faz parte da peça”, complementou o autor Luan Valero.
O espetáculo é uma realização da companhia de teatro Semeia Evento, com patrocínio da Prefeitura de Londrina, por meio do Programa Municipal de Incentivo à Cultura (Promic), gerido pela Secretaria Municipal de Cultura (SMC), e apoio do Centro Cultural Seta.